Eu poderia começar minha primeira crônica descrevendo sobre a área de micologia médica, na qual eu trabalho, passaria alguns conhecimentos adquiridos sobre os fungos.
Entretanto, acredito ser importante dissertar em primeiro lugar sobre um assunto de grande interesse para a comunidade em geral, que é a doação de sangue. Segundo a BBC-Brasil, estudos divulgados no ano passado demonstraram um aumento de doadores do Brasil. No entanto, o país doa proporcionalmente menos do que os outros países da América Latina. Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostra que apenas 1,8% da população brasileira doa sangue. A ONU considera ideal um percentual de 4% a 5%, índice alcançado apenas por países desenvolvidos. O estudo também revela outra particularidade da doação de sangue no Brasil: seis em cada dez doadores (59,52%) são voluntários (ou espontâneos, ou seja, aqueles que doam com frequência sem se importar com quem vai receber o sangue), proporção inferior à de Cuba (100% são voluntários), Nicarágua (100%), Colômbia (84,38%) e Costa Rica (65,74%). O restante (40,48%) é formado por doadores de reposição, ou seja, aqueles que doam por razões pessoais (quando um amigo ou parente precisa de sangue). Especialistas da área dizem que preferem doadores voluntários aos que realizam somente reposição, pois conseguem ter maior controle sobre a procedência e qualidade do sangue.
Um novo teste de triagem sanguínea é usado em países desenvolvidos e também foi aprovado no Brasil. O teste permite que os laboratórios identifiquem de forma automatizada e com alta sensibilidade a presença de hepatites B e C, o HIV tipo I, entre outros vírus. Esta tecnologia visa oferecer mais segurança tanto para quem doa quanto para quem recebe sangue. Tentando trazer ainda mais para a realidade em que vivemos já foram criadas algumas plataformas digitais e até mesmo aplicativos para Android com o objetivo de incentivar as pessoas a doarem quando o seu tipo sanguíneo estiver em baixa nos bancos de sangue. Depois de realizada a doação, a bolsa é destinada ao laboratório, onde passa por um processo de centrifugação e são separados os componentes do sangue. Cada bolsa de sangue doada dá origem a quatro componentes. Cada um deles poderá ser destinado a pacientes diferentes.
Apesar de que este ano já tenha passado o “Dia mundial do doador de sangue”, é sempre bom reforçar a doação em todo o Brasil. Se não houver sangue disponível em qualidade e quantidade adequada nos hospitais, as cirurgias serão canceladas. Pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, transplantes de rins, fígado, medula óssea entre outras, necessitam muito de sangue, além de plaquetas. Se o paciente realizar quimioterapia, por exemplo, e não receber o suporte da transfusão, poderá não superar a fase de tratamento. Ninguém está livre de precisar de uma transfusão de sangue. Ninguém está livre de sofrer um acidente, de passar por uma cirurgia ou por um procedimento médico em que a transfusão seja absolutamente indispensável. As pessoas precisam entender que devem doar sangue não só atendendo ao apelo de que os estoques estão acabando. É preciso pensar que os estoques têm de estar nos níveis adequados para o primeiro atendimento caso aconteça um imprevisto, uma catástrofe. Estudos apontam claramente que quem doa sangue com regularidade tem chances de reduzir o risco de doenças cardíacas. Sangue não sobra. Ninguém deve pensar que seu tipo de sangue é mais comum e que por isso não precisa doar. Precisa sim, porque esse sangue fará falta a alguém que necessita dele para viver.
Fonte: OMS, BBC-Brasil e DCI
Fabricio Morelli (Biomédico - UNIPAR)
Pós-graduado nível mestrado em Biociências e Fisiopatologia.
Laboratório de Micologia Médica.
LEPAC - Laboratório de Ensino e Pesquisa de Análises Clínicas.
UEM - Universidade Estadual de Maringá.
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