Disse muito bem, Marina Colasanti, que “a gente se acostuma, mas não deveria…”. Ao longo do texto, ela ressalta como vivemos em uma sociedade automatizada, e que - em minha opinião -, valoriza excessivamente o resultado dos trabalhos, contanto que sejam estes materiais. A arte e o simples refletir têm perdido seu espaço: para as escolas, para vida da gente… e essa perda acabou trazendo consigo malefícios, que minam a qualidade de vida: os simples momentos perdem seu valor, assim como os simples gestos. Vivemos, muitas vezes, com a constante sensação de que, ao ter diversão, estamos perdendo tempo precioso. Tempo para quê? Para construir mais, e, construindo, quem sabe assim, sejamos cercados por nossas construções, perdendo o contato social. Essa é a verdadeira felicidade. Essa é a verdadeira felicidade?
O que é, afinal de contas, o tempo de qualidade? É aquele que foi totalmente aproveitado? E o que é aproveitar? Simples construir, como robôs programados, rotina certa, “ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem”, como bem salientou Marina… ou valorizar os simples momentos, ao lado de quem nos constrói a felicidade? A busca por uma vida feliz faz parte da gente. Mas às vezes a felicidade não está em atingir metas, e sim, na busca incessante em atingi-las, redescobrindo-se, ao se conhecer. Já dizia Sócrates que “uma vida irrefletida não vale a pena ser vivida”, uma verdade atemporal. Então pensemos e descubramos que a vida do jeito que é, já é uma dádiva. Que nos pequenos detalhes, o sentido de tudo pode ser achado, pois, quando nos atentamos aos pequenos detalhes, temos a consciência de que tudo tem valor.
Não somos perfeitos, ao contrário, somos mutáveis, voláteis e efêmeros. Exatamente por isso que a mudança é sempre bem-vinda. É de nossa natureza mudarmos, não permanecermos sob regência de um senso comum, dentro de uma caverna, apreciando apenas sombras de objetos, quando a verdadeira realidade está na busca, incessante pensar. De tudo que aprendermos, a lição que deve restar: o conhecimento de agora ainda não é suficiente, e assim, continuamos tendo a consciência de que nada sabemos, sempre buscando mais…
Aimee Mattos
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