Lembro-me da minha primeira comunhão, estava na 4ª série, tinha 10 anos. Vestido branco de cianinha azul, boina, meia branca e sapato preto.
Igreja antiga, de madeira, todas as crianças na fila para entrar. Uma fila imensa! Eis que ele passa por mim, olha para meu vestido com godê armado para o lado, pois o tecido era muito grosso e “seco”, e diz:
-Nossa! Que elegância!
Nunca me esqueci dessa passagem. Lembro-me com carinho de seu gesto. Para mim, com toda a minha timidez e simplicidade, foi um elogio especial. Um elogio de alguém que eu gostava e respeitava muito. Alguém que fazia parte da minha vida, da minha vida espiritual.
Muitos anos depois, ou melhor, 40 anos depois eu o reencontrei. Que alegria! Claro que ele não se lembrava mais de mim, mas eu o tinha na minha memória e no meu coração.
Seus ensinamentos, seu jeito de falar com as crianças na catequese, seu jeito de rezar as missas, tudo isso ficou para sempre em mim.
A vida dele tomou outro caminho. Deixou a vida celibatária, casou-se com Alairse Garcia Girardi, reside em São Paulo, onde criaram três filhos e agora ajudam a educar os netos, tarefa bem mais fácil, pois, ser avô, ser avó, é amor incondicional.
Reencontrei-o na casa da Helena Garcia, sua cunhada, uma pessoa que tem por ele também uma profunda admiração.
Reencontrá-lo foi voltar a ser a menina de 9, 10 anos que sentia muito carinho por ele, pelo Frei Paulino e pelo Frei Silvano.
Através, do Portal-TG, presto essa homenagem ao querido “Frei” Zacarias da minha infância, cujo destino lhe reservou uma família em especial, onde deixou de ser o “Frei” e passou a ser o pai, o marido, o avô e o cunhado admirado e benquisto pela família e amigos. Vocação também é cuidar com amor da família que Deus nos deu.
Edeliar Torres Saraiva
(Sentimentos de 1972/1973)
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