Acredito que todo ser humano é compelido a um impulso em direção a algo que geralmente encontra-se “lá na frente”. Se já somos adultos, podemos olhar para trás e perceber a influencia boa ou ruim das pessoas que passaram por nossas vidas.
As nossas primeiras relações estão vinculadas com nossa mãe , ou figura substituta. É a elas que quero me dirigir. Nem de longe pretendo negar o papel insubstituível do pai. Este, entre tantas importantes funções, desempenha uma espécie de mediador entre o filho e a realidade. Embora ocupe uma posição de terceiro em relação ao filho, de companheiro da mãe , o pai, deve se sentir sócio dela num empreendimento conjunto: a educação do filho.
Isso posto, volto a atenção àquelas a quem desde o primeiro momento de vida do filho lhes são atribuídas tarefas, que bem realizadas marcarão positivamente a vida de um ser humano e consequentemente de toda a sociedade.
Antigamente minimizava-se a importância da maternagem na vida de um bebe, alegando-se que nos primeiros meses a criança necessita somente de cuidados de higiene, alimentação e de proteção e que uma terceira pessoa, uma enfermeira, por exemplo, desempenharia o mesmo papel. Hoje se sabe que a crinaça necessita destes cuidados, no entanto, a presença da mãe vai muito além do contato físico e perpassa todos os aspectos emocionais da criança.
Há algo importante que desejo ressaltar: pensemos no papel individual,neste caso, no papel de mãe. Percebo que existe sempre uma ênfase coletiva quando se diz respeito à família e à educação dos filhos. Tratarei brevemente unicamente da relação mãe e bebê.
Se “a humanidade carece da atuação de uma mãe “boa” “( Winnicott,1999), entendemos que a capacidade da mãe em dedicar a seu filho toda a atenção de que precisa, atendendo suas necessidades de alimentação, higiene, acalento ou o simples contato sem atividades, cria condições para a manifestação do sentimento de unidade entre duas pessoas. Da relação saudável que ocorre entre bebê e mãe, emergem os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento emocional-afetivo da criança.
Podemos dizer que um dos primeiros fatores a se considerar no constituir da função materna esta o “ desejo” pelo filho. Que lugar o filho tem ocupado no desejo dos pais, o que significa querer ter um filho. SIGNIFICA QUERER CUIDAR DE UM SER PARA O RESTO DA VIDA. Essa ideia não é muito difundida na sociedade. E CUIDAR é a palavra mágica para quem quer ter um filho.
Mãe e filho podem partilhar uma existência que vai se desdobrando no sentido da separação e da autonomia, com as diferentes etapas a serem percorridas até que possam entrar em bom acordo mutuo , o qual poderíamos chamar de uma relação desde sempre triangular, portanto, a mãe, o filho e o pai.
O exercício da função materna passa por etapas de elaboração e aprendizagem emocional a partir das vivências desde sua própria infância. Tornar-se mãe dá-se por diversos fatores, que a meu ver são de maior relevância : CUIDAR, OLHAR E CONFIAR.
( Fragmento do livro "Você educa seu filho? Ainda há tempo". 2011 – Elaine Regina Rufato Delgado)
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