Na natureza, pérolas são valiosas, verdadeiras joias que valorizam quem as usa, tornando-se objetos de valor inestimável. Já em uma redação, as “pérolas” produzem um efeito inverso: destroem o trabalho de quem as escreveu e fazem a alegria dos engraçadinhos de plantão. Todos os anos, passados os grandes vestibulares, entre eles o ENEM, aparecem na internet as famosas listas de erros grotescos de grafia, construção gramatical e frases sem o menor sentido, dentre as quais, podemos destacar:
As mulheres produzem estrogênio e nistrogênio, ambos envolvidos no processo de manutenção da gestação. (o correto é progesterona. O candidato, na prova de biologia, confundiu com nitrogênio);
A árvore é predadora e os cupins consumidores primários. (o correto é produtora);
A capital da Argentina é Buenos Dias. (redação ENEM);
A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes. (Redação ENEM);
Lenini e Stalone eram grandes figuras do comunismo na Rússia. (Lênin e Stalin – redação ENEM);
Os portugueses, depois que descobriram Fernandes de Noronha, assinaram o Tratado de Tortas Ilhas. (Redação ENEM);
A pérola é a fecundação do esprematozoide de uma concha, com uma pedra... de acordo com o tamanho da pedra fica o tamanha da pérola. (Repararam nos erros gramaticais e na falta de sentido produzido pelo candidato);
Diante desses absurdos, você deve estar se perguntando: Como, em sã consciência, alguém consegue escrever absurdos desse nível? Apesar de engraçado, as pérolas encontradas em vestibulares podem ter as mais diversas motivações:
Nervosismo – que pode gerar erros gramaticais: corasão, çaudade...;
Falta de preparo – vai prestar o vestibular sem ter estudado, assim, Lei Áurea pode virar Lei Aura...;
Erro de interpretação – pode-se dizer que esse é o erro mais comum atualmente, por exemplo: ao invés de escrever sobre os benefícios do laser (radiação eletromagnética), escreve sobre os benefícios do lazer (entretenimento);
Desespero para ser aprovado no vestibular, assim, impulsionando o estudante a escrever qualquer coisa na esperança de ganhar pontinhos;
Por fim, pode-se pensar também, no uso indiscriminado da linguagem proveniente da internet, comumente conhecido como internetês: Vc quer tuitar? Eu axo q seria legal p ixcrever sobre a vida!
Sobre a linguagem da internet, vale ressaltar que ela não é certa e nem errada, entretanto quando se fala sobre língua portuguesa o que importa é o contexto da comunicação. Escrever na internet com o estilo da “Ilíada” de Homero não funciona. Da mesma forma que não se deve IxCrEveR aXiM na redação do ENEM ou no currículo, pois é nota baixa e desemprego na certa!
Da mesma forma que se o internetês prejudica a compreensão das frases não deve ser usado. Caso a interferência seja maciça, o texto fica difícil de ser lido e prejudica a coisa mais importante: o entendimento. Como já disse o escritor Stanistaw Ponte Preta: “quem gosta de doce-de-coco sabe a importância de um circunflexo”.
Finalizando, se não queres que seu texto seja motivo de piada nos sites ou nos meios de comunicação, vai uma dica bem simples: utilize o “método do semáforo”, ou seja, planeje-se para não sair escrevendo do nada. PARE (vermelho), PENSE/ORGANIZE-SE (amarelo) e depois ESCREVA (verde), dessa forma, as deficiências serão sanadas e sua produção textual terá uma qualidade melhor.
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Eder Picoli – formado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com especialização em Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).
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