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Colunistas de Cruzeiro do Oeste e Região

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Pela dor do preconceito... chorei! - por Edeliar Torres Saraiva



Certa vez, fui à determinada loja. Precisava comprar bermudas para a "homarada" aqui de casa. Consultei uma amiga que me disse ter na tal loja a preço acessível. Fomos até lá: eu, meu marido e meu filho mais velho. Saí do carro primeiro e fui entrando. Era uma loja bem comprida. No começo da loja havia uma balconista atendendo e duas no caixa, bem longe. A loja era quase um corredor. Dirigi-me até a balconista mais próxima, que solicitamente, disse que ia chamar a outra para me atender. Ela precisou falar alto, tal a distância. Porém, acho que nem precisava chamar, a balconista teria que vir me atender, mas... Nisso, meu marido e meu filho vinham entrando, duas pessoas bem vestidas aparentemente vistosas... fui em direção à balconista pela loja-corredor. Ela passou por mim, como se eu fosse invisível e se dirigiu aos DOIS que entravam, meu filho e meu marido. No momento, tive uma das piores sensações da minha vida. Senti-me um nada, um zero, uma coisa. Ela perguntou o que eles queriam. Disseram a ela que estavam comigo. Sem opção, dirigiu-se a mim, tentando remendar a situação, eu prontamente disse: "Não quero ser atendida por você!" Confesso que disse isso com raiva, com dor, com mágoa, com ressentimento. Negra, não bem vestida, mas quem estava com o dinheiro para gastar era eu. Não tenho a aparência que dá ibope, mas sou gente, sou sensível, sou consumidora. A outra balconista, observando a situação, quis me atender, mas disse que não queria mais nada e naquela loja nunca mais entraria. Entrei no carro, os dois calados. Dentro de mim, a vontade de chorar... chorar... chorar... paramos em frente a outra loja que meu filho já conhecia. Não consegui descer. Fiquei no carro e... desatei a chorar. Chorei pelas dores que já sofri por preconceito. Chorei pelas dores de quem já sofreu preconceito. Chorei pelas dores de quem ainda sofrerá preconceito. Chorei pelas pobreza de quem propaga o preconceito. Chorei por quem é preconceituoso. Chorei por quem não luta para exterminar o preconceito. Chorei... 'apenasmente'... chorei!


Edeliar Torres Saraiva

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