Mãe, te vi desde sempre tentando me convencer de que estava tudo bem, que em meio a situações difíceis, a vida merecia sorrisos para ficar mais leve. Te via acordando cedo, para batalhar por uma família que merece insistências e empurrões para não parar no tempo. Não fraquejarmos. Não chorarmos. Me ensinou que não existem esteriótipos: azul é cor de menina e rosa é cor de menino. Podia brincar de boneca, soltar pipa e bicicleta.
Aprendi a amarrar cadarço, fazer arroz, etc. Ganhava carrinho rosa para brincar com o Rafa e o Rô, penteei minha barbie aeromoça. Me dedicou tempo para ensinar, para dar “as oito chineladas”, e noites em claro colocando lenço quente no meu pescoço, quando eu não parava de tossir. Você estava presente em cada dia dos pais na escola, se perdia nas palavras, com seu modo sensível de tentar justificar a ausência de outra pessoa. Mas que estava tudo bem, que era só uma data.
Quando se é criança a gente só quer o que todo mundo tem. E como deve ser difícil explicar que nem tudo que vemos, podemos ter. E como deve ser complicado quando envolvem sentimentos, quando se tem cicatrizes. Mas, para isso, existem mães, que de uma forma ou de outra, nos confortam com carinho e amor. E aí, vamos crescendo, a maturidade vem chegando e te mostrando que UAU!, criar filhos sozinha é mais trabalhoso do que a gente imagina. A vida foi feita para ser vivida e levada da forma que dá, sem excessos, sem cobranças. Você tem atos de bondade, de generosidade e de carisma. Que mulher!
No espelho da vida, eu sou o seu reflexo. Amo quando as pessoas dizem: “Nossa, você é a cara da sua mãe! Até no jeito de falar”. Batalhadora, guerreira, forte, independente, amorosa. Eu levaria um bom tempo te descrevendo, roubando adjetivos no dicionário que fazem parte da sua personalidade. É pai, amiga, mãe, professora, médica… quantas pessoas tem dentro de você? Você é o meu melhor exemplo do que é ser uma pessoa boa.
Parabéns por toda a garra e por todo cuidado. Está tudo bem, mãe. E se um dia vier a não ficar tudo bem, daremos um jeito, como sempre fizemos, JUNTAS.
Gabriela Calderon
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