O drama da mentira e o político - por Armando Cerci Junior - Bioquímico
- TG Treinamentos

- 10 de mai. de 2018
- 3 min de leitura

Todos sabem que mentir é um dos mais graves erros que se pode cometer na vida pública. Acho que é difícil imaginar que existam outros erros que tenha maiores consequências que a mentira.
Mais que um erro, mentir é um defeito ético grave. Mas um defeito ético que implica consequências muito seria na política brasileira. Entendemos que há mentira que são facilmente perdoadas, aquelas que digam respeito a relações afetivas, ou referem a matéria de pouca importância, que não resulta em ganhos significativos para quem mente.
Existe por outro lado mentiras que muito dificilmente são perdoadas. São aquelas que ocorrem entre indivíduos que não se conhecem pessoalmente, mas que de alguma forma se uniram por um ato de confiança. Este é o caso de mentira na política. Dizia um amigo que mentir é sempre um rompimento unilateral da confiança. É o rompimento de um pacto de honra, o mais das vezes oculto, que destrói a confiança daquele que foi alvo da mentira.
Nas relações políticas não há contato pessoal entre o governante e o cidadão, entre o candidato e o eleitor. Além do que são poucos os políticos que possuem eleitorado cativo. As relações que existem foram criadas por estruturas sociais intermediários, isto é referencias de terceiros, comunicação de mídia etc. São relações inicialmente de simpatia, a seguir de preferência, e, por fim de confiança.
Mas digamos que se trata de uma confiança que não lançou raízes no intimo do eleitor e cidadão, de uma confiança que facilmente pode ser abalada e transformar-se no seu oposto. É uma confiança precária.
De fato é essa a confiança que predomina no mundo político. Por essa razão a mentira é tão destruidora da carreira pública. A mentira, uma vez comprovada, rompe uma relação que, sendo distante, não admite atenuante, nem explicações, como é o caso nas relações pessoais e íntimas.
Vejamos uma campanha eleitoral. Toda campanha é um processo de comunicação, mas não é demais lembrar, “comunicação interessada”, isto é candidato buscar obter dos eleitores algo que é o VOTO.
O eleitor sabe disso e procura descobrir, dentre os candidatos, argumentos, projetos e ideias com os quais concorda ,atitudes, gestos e comportamentos que lhe permite se identificar com aquele candidato.
O que acontece muitas vezes é que o eleitor decide pela emoção. Às vezes diante de bons e excelentes projetos, o eleitor vota naquele quem mais confia, ainda que seus projetos não sejam tão bons ou que nem projetos existam.
Mas há uma alternativa para o eleitor se antecipando a possíveis mentiras do candidato ou do governante. Buscar informações de natureza pessoal, profissional, administrativa e políticas, que serão usadas para desqualificar às vezes, ou no mínimo lançar profunda dúvida sobre o caráter ou a competência do candidato ou do governante.
São informações preciosas, que muitas das vezes estão ocultas ou escondidas da opinião pública, seja por omissão, ou seja, pelo uso deliberado da mentira para o seu ocultamento.
Se nesta busca o revelado for real, e se o postulante não tiver uma explicação convincente de defesa, com provas de documentos irrelevantes, ele fatalmente terá um conceito de político irresponsável, oportunista e não confiável, e, portanto sem condições morais para assumir uma candidatura.
Dizia este amigo citado acima, que o candidato não pode fazer é mentir sobre o seu passado, suas ações seja para valorizar-se, ou seja, para defender-se. O que ocorre com expressiva frequência, é sustentar a ingênua crença de que o eleitor não vai investigar seu passado. Ou que é ainda pior, “fazer de conta” que o fato não existe e não se prepara para lidar com ele quando a bomba estourar.
Encerro recordando aos leitores o que diz no maior livro de moral, especificamente em provérbios 12 verso 22,” o senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade”.
Armando Cerci Junior
Bioquimico





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