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Colunistas de Cruzeiro do Oeste e Região

Foto do escritorTG Treinamentos

No Reino da Sapolândia, era uma vez um sapo - por Ana Maria Ribas Bernardelli - Escritora

Embora houvesse muitos sapos nesse reino, aquele era um sapo especial.

Por causa dele, a ordem e a estabilidade do reino vinha sofrendo grandes sobressaltos.

Tudo o que se sabia até então, no mundo organizado, passou a não se saber mais.

O sapo - aquele- era de tal ordem poderoso, que mesmo confinado a uma lagoazinha solitária, seu coaxar abalava os rincões mais distantes da terra.

A sapaiada comum mortal a tudo assistia, sem nada entender.

-Mas então, essas autoridades que os sapos temiam, não mandavam nada?! Nadica de nada?!

Vez ou outra, um sapo togado tentava restabelecer a ordem do ponto de vista conhecido,

mas logo três sapos togados se levantavam, e restabeleciam a ordem do ponto de vista desconhecido.

De forma que, por absoluta falta de entendimento, criou-se dois reinos dentro de um único território.

E quanto mais a sapaiada contra -ou a favor -a cada um dos reinos, se posicionava,

mais a desordem e a bagunça se instalava.

Por conta dessa divisão que em breve colocaria um contra dois, e dois contra três, e três contra quatro, até que os numerais fossem infinitos, convocou-se um plebiscito.

A sapaiada dissidente, de saco cheio com a bagunça institucionalizada pelo poder do sapo poderoso,

decidiu apostar todas as fichas em um comandante latino cujo passo lembrava uma mancha e uma marcha.

O cordão foi engrossando a cada dia, e em pouco tempo ganhou status de parada militar.

O comandante latino, coitado, alçado à posição de salvador da pátria, vivia no susto.

Seu discurso não convencia pelo teor, mas pelo improviso da hora trágica.

Até a sua voz, que parecia um fiapo, se comparada ao coaxar do sapo poderoso, agradava aos dissidentes,

profundamente desagradados com a voz do sapo poderoso e das companheiras sapas poderosas.

Essas últimas, causavam arrepios indiscriminados no brejo todo.

Ninguém aguentava mais ouvir aquelas vozes.

Up to date:

Infelizmente ainda não se sabe o que vai acontecer com o reino da Sapolândia.

Provavelmente, no início de outubro, cada sapinho encontrará o seu destino na lagoa turva,

e continuará fazendo o que sempre fez:

sustentar os vencedores com o produto do seu trabalho,

E pagar impostos exorbitantes sobre todos os seus bens e sobre tudo o que produz.

Quem nasceu pra sapinho não sai da lagoa.

E nada é tão ruim que não possa ficar pior.


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