Ela soube que ele iria. A mãe soube desde o início.
Mas o amor dela foi tão grande que não se importou com o inevitável, lutou cada segundo do seu dia, semanas, meses e anos para dar o melhor para ele e nunca perdeu a fé, mesmo sabendo que ele estava indo. Foi guerreira, não desistiu. Nem ele.
De um filho adulto que vibrou a cada vitória. Que ela acompanhou incansavelmente, sendo a mais forte e encorajadora das pessoas,
Ela, a mãe, acabou tendo-o como um bebê novamente, indefeso, vulnerável, dependente, sem movimento.
ELA, sem pestanejar, cuidou, velou, zelou por esse filho que voltou a ser seu neném.
ELA amou de novo, ela limpou seu suor na testa pela febre, mudou-o de posição na cama, alimentou, brincou, conversou e acariciou.
Quem acompanhou, viu a mãe que permaneceu com um sorriso nos lábios. Para confortar seu filho e fazê-lo sentir-se bem, ela sorria. Sorria com ele, para ele, para os outros filhos.
Seus olhos brilhavam de amor o tempo todo, mesmo na hora que mais sofria, da dor mais lasciva de todas, da dor que ninguém, nem ela, conseguirá um dia descrever.
ELA CUIDOU, ELA SORRIU, ELA ZELOU, ELA CONTINUOU AMANDO-O.
Um jovem com todas as alegrias e sonhos da sua idade e do seu tempo.
Afinal, quem é que aceita quando há inversão da ordem natural no ciclo da vida?. Nunca estamos preparados e prontos, é inconcebível uma mãe perder o filho.
Durante todo o caminho de cuidado com o filho, a mãe chorou, chorou dolorosamente, perdeu as forças de tanto que chorou, sozinha, sem ninguém ver, chorou muito.
Questionou muito: “Quem permitiu que acontecesse tudo isso com meu filho? Como posso aceitar devolvê-lo, se não quero que ele vá?” Foi choro de faltar o ar, de não querer que ele se fosse. Chorou com toda sua força.
No outro dia, ela, a mãe, voltava e ao ver o filho, tornava-se uma pessoa destemida, corajosa, e passava todo o tempo com ele, seu filho. Foi gigante, gigante, gigante.
Essa mãe, simplesmente, é a pessoa que mais admiro hoje, ela inundou o ambiente sempre com o amor mais puro que já vi alguém demonstrar.
Ela manteve o sorriso mais lindo que vi de uma mãe ao acariciar seu filho que já não reconhecia ninguém mais.
Vi também uma mãe descrever todas as pessoas que iam visitá-lo, quando ele nem enxergava mais. Ela fez o inexplicável e tudo o que uma mãe que ama faz.
Sei que ela tinha vontade de gritar e rasgar a dor que levava no peito, chorar para todo o universo ouvir e olhar para ela e saber dessa dor. Mas ela pensou nele, somente nele. Eu sei.
Mas no final das contas, foi ela quem preparou seu filho, só pensando nele, no conforto dele, no bem dele, encorajou-o e permitiu que ele fosse em paz.
A mãe deixou que o filho se fosse, porque era o melhor para ele, não para ela. ELA pensou nele, ela demonstrou o que é amor verdadeiro, aquele amor que uma mãe reconhece, conquista e vive eternamente.
ELA DEVOLVEU O QUE NÃO QUERIA, PELO BEM DELE, ELA O DEIXOU IR, POR AMOR A ELE.
Ela permitiu, deu segurança a ele, até o último momento, ela o deixou ir....
Ele foi, ela ficou.
Sim, ele foi na frente. Somente foi na frente.
Elaine Regina Rufato Delgado
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