Minha história em Cruzeiro do Oeste, começou assim: vim criança para cá com meus pais, dois irmãos e uns anos depois, nasceu aqui, minha irmã caçula. Meus pais escolheram Cruzeiro do Oeste para fixar suas raízes, pois nos idos dos anos 60, corriam-se notícias de uma cidade nova em pleno desenvolvimento econômico, com uma agricultura forte e um futuro promissor. Suas ruas em estado precário, de areia e muitas erosões. Quem a conheceu nessa época lembra o quão era grande a erosão que cortava a rua João de Resende, onde morávamos e também a rua Gov. Roberto Silveira. Não tínhamos água encanada, a energia era movida a motor e desligada às 23h00. O serviço de informações, músicas e propagandas era transmitido via alto falante. Os sinos da Igreja Matriz badalavam ao meio dia e às dezoito horas para nos orientar sobre as horas. Na rua Peabiru, assim como nas demais, o comércio e as casas residenciais eram todas construídas em madeira e precisavam se valer de escadas, devido ao desnível da rua.
Tempos do saudoso Bazar Toyo, onde as crianças, em suas vitrines, cobiçavam os brinquedos que inocentemente encomendavam ao Papai Noel. Que saudades... Aqui iniciei minha jornada escolar no ano de 1963, inaugurando as novas instalações do saudoso Educandário Nossa Senhora de Fátima, que antes funcionava junto à Igreja Matriz. Tempo em que as freiras Vicentinas usavam os famosos chapelões brancos, o que nos deixava curiosos em saber como seriam seus cabelos e suas vestes azul-marinho cobrindo todo o corpo...
Na sequência, fui estudar no querido Colégio Estadual, até concluir o Curso Científico... Tempo em que havia desfiles em comemoração ao Aniversário da Cidade e 7 de Setembro. Os Colégios desfilavam com seus alunos uniformizados em trajes escolares, todos perfilados e marchando com as Fanfarras, sendo a do Colégio Estadual famosa e de grande porte. Desfilavam também os carros alegóricos, sempre alusivos à cultura do que aqui produzíamos, mas o mais importante, era o respeito cívico que nós, alunos, apresentávamos às autoridades que vinham em caravana composta, muitas vezes, pelo Governador do Estado, Deputados, Prefeitos de outros municípios distantes e pessoas influentes que se faziam presentes no palanque. Tempos em que para nós, era tudo muito distante. As estradas eram precárias, se chovesse, levaríamos, com muita sorte, um dia para chegar até Maringá, se conseguíssemos atravessar o rio Ivaí. Conhecer a Capital, Curitiba, então, era um sonho distante, um dia talvez...
Continuando, como não me lembrar da santa saída após a Missa das 10, a caminhada até o Cine Cruzeiro para ver o cartaz dos filmes que seriam exibidos na Matinê e nas duas sessões da noite, do Bar Central, onde a moçada se encontrava, do Bar do Antônio e o seu cobiçado balcão de vidro, expondo entre tantos doces, os chocolates em moedas que nem sempre podia comprar, a caminho para a escola... Como não me lembrar das tardes de domingo no Salão Paroquial, onde aprendíamos a dançar nas famosas “Brincadeiras Dançantes”. A parada obrigatória na Praça Souza Naves, à noite, muitas vezes com a banda tocando; do Tênis Clube e as famosas orquestras e grandes conjuntos que aqui se apresentavam, assim como o nosso Conjunto Jackson Five, o Jamil e seu conjunto abrilhantando nossos famosos bailes e matinês de Carnaval, os bailes no Clube Japonês e tantas outras coisas boas que aqui vivemos...
Cruzeiro do Oeste progredia, corria-se dinheiro e nós crescíamos.. Aqui conheci meu marido nos bancos escolares. Ele é oriundo do estado de São Paulo. Nós nos casamos, tivemos nossos filhos, que também iniciaram seus estudos no mesmo Educandário, mas mais tarde, ainda muito jovens, pela necessidade de mais recursos escolares, partiram para um grande centro. Mas nós, estabelecidos com nossas Indústrias, permanecemos neste Recanto Feliz do Paraná, nossa QUERIDA CRUZEIRO DO OESTE, cidade que adotamos desde crianças, por isso nos sentimos verdadeiros CRUZEIRODOESTANOS.
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