Gente calçada de chão , gente que aprendeu na realidade da vida, aprendendo efetivamente com a realidade. Gente de chão de fábrica. Aquela que sabe fazer porque aprendeu fazendo ali, na sua sobrevivência, no seu encanto e na sua teimosia em viver. Gosto de conhecer gente assim.
Gente vestida de sabedoria, aquela que entende a profundidade dos fatos e que carrega dentro de si e na superfície de sua pele uma história em cada linha de seu corpo. Aquela que te ensina com uma frase, com uma palavra e com um gesto. Nunca leu um livro inteiro, mas traduz fielmente a realidade e vida, o seu significado e seu desejo de existir. Gosto de gente assim.
Gente que alinha a beleza física com o olhar longínquo de quem sabe e não complica a vida. Simplifica, não tem medo. Resiste, não vive do passado, não vislumbra o futuro, nem pensa no presente. Simplesmente vive o momento e confia que amanhã a vida segue do jeito que tem que ser. Gosto de observar gente assim.
Gente que se curva, mostra humildade, tem curiosidade, faz o que tem que fazer, mas sabendo exatamente o que é certo e é errado. Anda em linha reta, sabendo que curvas haverão de aparecer. Espera acontecer. Admiro gente assim.
Gente que sabe que não tem o poder de reter nada: nem o tempo, nem o amor, nem a mágoa, nem ninguém. Gente assim que compreende a vida na sua simplicidade e na sua espontaneidade em viver. A vida dessa gente é livre, límpida e desembaraçada. Gente assim que acho interessante.
Gente que não se ilumina de aparências. Não se atém de sombras, tempo e arestas. É sim, fogo que cintila, que irradia vida. Aponta ali com o dedo, a distancia que quer chegar. Gosto assim, gente simples.
Gosto de gente sim, muito. De gente assim.
Elaine Regina Rufato Delgado.
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