A história de superação de Mirian Pretti - Um grande aprendizado para todos - por Vilma Zorzato
- TG Treinamentos

- 5 de mai. de 2018
- 3 min de leitura


Uma pessoa delicada, de aparência frágil, mas que me surpreendeu por sua coragem e por sua serenidade diante da vida. Quando a conheci, em meados de 1998 morava com o pai. Fazia apenas dois meses que sua mãe havia falecido. Com os olhos marejados disse: “minha mãe descansou no Senhor Jesus, mas sei que um dia nos encontraremos novamente”.
Aos poucos fui me inteirando da história de sua vida e como todas as pessoas que convivem com ela, comecei a admirá-la.
Seus pais, Abilio Pretti, e Irene Furrier Pretti, vindos de São Paulo, onde eram agricultores, chegaram a nossa cidade por volta de 1960. Em 06 de março de 1965, nasce Mirian.
A família continuava a trabalhar no cultivo do café. Mas devido à célebre geada preta, a necessidade de emprego para os irmãos maiores e também para ficar próximo à escola, decidiram-se mudar para a cidade. Mirian, caçulinha de seis irmãos, estava então com dez anos. Aos doze, já trabalhava e “bancava” sozinha suas pequenas vaidades, vendendo Avon e Cristian Gray. Tinha cabelos compridos e muito bem cuidados. Andava de bicicleta por toda a cidade. As pessoas que a conheceram nessa época dizem que sempre foi uma menina muito bonita e de uma simpatia cativante.
Seu primeiro emprego formal foi num escritório de contabilidade, o escritório do Lima, em seguida, trabalhou como recepcionista no laboratório de análises clínicas “Osvaldo Cruz”.
Em 1986 trabalhava no Bamerindus, (hoje HSBC) e cursava História na UNIPAR.
De repente acontece uma mudança radical em sua vida. Exatamente no dia em que foi implantado o “plano cruzado” e os bancários deveriam trabalhar até mais tarde, Miran não consegue ir para o trabalho.
Durante o banho, sente fortes dores na cabeça, o contato da água causava uma dor insuportável a tal ponto de não conseguir nem retirar o xampu de seus cabelos. Era um coágulo que se rompia em seu cérebro. Um aneurisma conforme os médicos iriam diagnosticar depois. Foi imediatamente levada ao hospital onde lhe deram o diagnóstico de torcicolo. “mas doutor, eu sinto dor na nuca, não no pescoço!” - ela insistia. Ficou internada um dia e uma noite medicada com morfina. Pela manhã, a família decidiu levá-la a outro hospital, onde foi retirado um líquido de sua espinha. Se o tal líquido saísse claro seria meningite, mas se estivesse escuro seria aneurisma. Era sangue. O sangue já havia descido pela espinha. Constatou-se então o quadro de aneurisma cerebral.
À noite rompe-se mais um coágulo em seu cérebro. Os médicos dizem que suas chances são mínimas e talvez ela não resistisse. A cirurgia durou oito horas. A família fica em desespero.
Mas pela, misericórdia do Senhor, conforme ela sempre afirma, sobreviveu.
Antes considerada a menina mais bonita de Cruzeiro, de repente teve sua cabeça raspada, teve paralisia facial, perdeu toda a coordenação motora voltando a ser cuidada como um bebê por sua mãe. Teve de aprender tudo novamente, inclusive a falar. Ficou numa cadeira de rodas por uns cinco meses. Perdeu os movimentos da mão direita e teve que aprender a escrever com a esquerda. “Trancou” sua matrícula na faculdade. Passou por longos tratamentos de fonoaudiologia, fisioterapia e fisioterapia ocupacional. Não se deixou abater. Com muita persistência conseguiu se recuperar.
Dez anos depois concluiu o curso de História e em seguida fez pós-graduação.
Continuou falante como sempre. Difícil ficar quieta por mais de um minuto!
Trabalhou no Conselho Tutelar por oito anos, trabalhou na Escola Amaral Fontoura como coordenadora, como bibliotecária e como professora de reforço. Trabalhou no Projeto “Karatê Piá” onde atuou como coordenadora e ainda fez mais um curso “Gestão Pública”.
Em 2000 perdeu o pai e então decidiu casar-se. Em 2004 teve seu tão sonhado filho.
Trabalhou também na Biblioteca Municipal até 2010, quando assumiu no Colégio Tamandaré, após aprovação em concurso. Fez ainda o Curso “Profuncionário.” Atualmente, somos colegas de trabalho no Colégio Tamandaré. Miriam é uma pessoa otimista, alegre e cheia de vida. Costuma dizer sempre: “Passei por muitas provas em minha vida, mas sei que o Senhor Jesus sempre esteve comigo e me salvou duas vezes: Pagou um alto preço salvando minha alma e fez um milagre me devolvendo a vida”.
Vilma Zorzato, Funcionária Pública





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