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Colunistas de Cruzeiro do Oeste e Região

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A "heroizização" é fruto da carência de referências - por Edeliar Torres Saraiva



Em virtude dos últimos acontecimentos, publiquei novamente esta matéria.

“Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis.” - Bertolt Brecht


Vivemos em um tempo tão carente de referências positivas, que muitas vezes nos apegamos às situações mais inusitadas para suprir essa ausência.

Isso aconteceu comigo e minha família. Ao escrever agora, pego-me REFLETINDO sobre essa carência de referências para a atual conjuntura.

Viajamos para Balneário Camboriú e no dia seguinte a nossa chegada, meu filho Junior nos disse que havia visto o Juiz Sergio Moro na avenida da praia, próximo ao apartamento em que nos hospedamos.

Perguntei a ele se havia três seguranças junto. Como ele estava sozinho, disse a meu filho que não era.

No outro dia, disse de novo que tinha visto a tal pessoa, nem liguei. Porém, à noite, minha nora, Giovana Hadas, chegou esbaforida dizendo que havia se encontrado com Sergio Moro no elevador. Disse que perguntou três vezes se era ele mesmo.

Gentilmente, respondeu que sim. O máximo que ela conseguiu dizer foi que era uma honra conhecê-lo. Ele esperou que ela saísse primeiro do elevador, muito educado.

Ao ouvir minha nora, tão contundente, fui perguntar ao porteiro, que orgulhosamente confirmou que era ele mesmo. Vi no semblante do porteiro a alegria de trabalhar em um prédio onde Sergio Moro se hospedava.

Todo mundo orgulhoso e eu? Subi para o andar dele, pelo menos para ver a porta do apartamento, sei la... geralmente sou meio tímida para certas situações, mas nessa, não pensei, queria conhecê-lo.

Tal foi a minha sorte, pois ele estava sentado no corredor, assistindo televisão.

Aproximei-me receosa e contente. Cumprimentei-o, disse que era um prazer conhecer alguém tão digno, alguém que representava os anseios da quase totalidade dos brasileiros. Disse-lhe que via-o como a voz da esperança, mais poetizei do que conversei.

Perguntou meu nome, a cidade em que morava e agradeceu os elogios. Sempre sério, firme e atento, além de demonstrar uma polidez tamanha.

Voltei ao apartamento exultante. Havia uma criança aflorando dentro de mim.

Meus filhos não acreditaram na minha “cara de pau”. Resultado? Fizeram o mesmo! Voltaram com a mesma impressão que tive.

E assim, eu retorno ao início da minha divagação, onde falava sobre referências. O povo brasileiro está perdido num emaranhado de corrupção. Quando vozes se levantam para libertar o país dessa ladroagem, há o surgimento de “heróis”. Infelizmente, não são muitas as vozes.

Bertolt Brecht afirma: “Miserável país aquele que não tem heróis. Miserável país aquele que precisa de heróis.” Meu lado racional concorda com isso, porém, o outro lado aflora dizendo, que sendo fruto do país em que nasci, em que vivo, preciso de “heróis” como se fosse um remédio para apagar a desesperança. Um remédio que me faça vislumbrar um futuro em que o povo seja respeitado. Reitero aqui a alegria que eu, meus filhos Junior e Eduardo e minha nora Giovana sentimos ao nos depararmos com o “herói” do momento. Porém, seríamos mais felizes se não precisássemos de heróis, se o povo do nosso Brasil não precisasse de heróis para suprir a falta de esperança.


Edeliar Torres Saraiva



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